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Carros autônomos e além: Como a tecnologia evoluirá nos próximos anos?

Em 1968, época na qual o mais próximo que tínhamos de um carro autônomo era um bondinho, foi lançado um filme chamado “2001: Uma Odisseia no Espaço”, que, além de levar o Oscar para efeitos visuais com a criação de suas naves e da atmosfera perfeita de cenas no espaço (mesmo que a tecnologia para isso na época ainda fosse extremamente precária, o que torna o feito mais grandioso), ainda trouxe uma das cenas mais emblemáticas do cinema de todos os tempos: um corte no qual se avança milhões de anos no tempo. Nela, um dos nossos ancestrais, um macaco, joga um osso para o alto. A câmera se fixa no objeto voando no ar e, pouco antes do osso começar a cair, se “transforma” em uma nave espacial planando no vácuo.

O que os realizadores do filme diziam com isso é que foi a partir do momento que os nossos parentes mais antigos perceberam que a técnica (téchnos) aliada ao conhecimento (logos) foi o que possibilitou este salto ao longo do tempo. De lá pra cá, avançamos muito na criação de várias tecnologias. Da primeira roda a um carro autônomo fabricado hoje, ainda que o conceito seja o mesmo (facilitar a vida por meio de uma máquina ou utensílio) a forma com que as inovações são feitas não poderiam ser mais diversas. Nem mais rápidas.

Por exemplo: pegue um livro de 30 anos e um recém-lançado. Ainda que as técnicas de impressão, papéis utilizados e tinta tenham mudado muito, esta tecnologia já está consolidada há séculos. Agora, se pegarmos um computador de 30 anos atrás e um atual, a diferença é abismal. Mesmo o smartphone de entrada de qualidade mais duvidosa tem mais capacidade computacional do que o computador mais robusto dos anos 1990. E olha que foram esses os computadores que fizeram Toy Story, por exemplo.

Tá, mas o que isso tem a ver com carro autônomo? Tudo.

Entre as indústrias que mais tiveram avanços nos últimos anos em tecnologia, está a automobilística. E isso a gente pode ver tanto nos sistemas multimídia com GPS, TV Digital e integração com Smartphone que os carros mais modernos possuem quanto em coisas ainda mais surpreendentes, como dispositivos de segurança, controles de tração computadorizados que evitam acidentes e muito mais. Coisas que não eram sequer um sonho em carros 30 anos atrás. 

Até que chegou a vez dos carros que, não pensando tanto em oferecer uma experiência única de direção, vão para um caminho muito mais inusitado e dirigem praticamente sozinhos. Tudo isso graças ao sistema de GPS já comentado aqui, aliado a uma infinidade de sensores, câmeras, processadores e dispositivos que buscam simular com perfeição o mais prudente dos motoristas. E a coisa tem dado certo. Estima se que em 2025 os carros autônomos correspondam a 4% do total da frota mundial. Em 2035, esse número pode ser de 75%.

E as vantagens são inúmeras: imagine essa tecnologia consolidada e todos os carros autônomos funcionando perfeitamente no dia a dia de uma cidade. Menos atrasos, menos congestionamentos, menos chance de acidentes, mais gentileza no trânsito (ainda que involuntária) e o fato de você poder ser o passageiro do seu próprio carro, tendo esse tempo para outras atividades. Ainda que as versões atuais peçam para que o motorista mantenha os olhos e a atenção na estrada, é muito provável que a evolução dessa tecnologia caminhe para uma realidade na qual o “motorista” se sentira mais como um passageiro de um trem ou metrô do que como alguém guiando um carro.

E quando a gente vai ter carros autônomos no Brasil?

Ainda que existam alguns Tesla circulando por aí, eles tem que se manter comportadinhos, não podendo ser utilizados como carros autônomos. Isso porque a lei no Brasil não permite nem que se dirija sem uma das mãos no volante. A autonomia de um carro, no Brasil, ainda é somente o sinônimo do quanto ele consegue andar com um tanque cheio.

Outro obstáculo para a popularização deste tipo de veículo, o que poderia pressionar as autoridades a mudarem a lei, é justamente um fator que impossibilita quase todo e qualquer avanço tecnológico no Brasil: o custo. Para se ter uma ideia, um carro elétrico que tenha praticamente as mesmas características de um carro com motor a combustão custa pelo menos 80% mais caro. Imagine o quanto ele não custaria se, além de não usar gasolina, ainda fosse um carro autônomo.

Outro fator importante é o que faz o carro autônomo ser autônomo: a internet 5G. Num caso de queda brusca de sinal no meio de uma avenida movimentada, quais poderiam ser os estragos? Como ninguém tem o mínimo interesse de se voluntariar para um teste que simule esta situação, o jeito mesmo é esperar que a internet das coisas evolua a ponto de termos um sinal praticamente 100% confiável.

Conclusão

Ainda temos muito o que evoluir em tecnologia e regulamentação para que possamos ter os carros autônomos operando no país, mas já podemos dizer que estamos mais perto da nave espacial do que do osso pré-histórico. Se já chegamos onde chegamos em muito menos de 30 anos e as projeções são extremamente otimistas para daqui 15, a melhor coisa a se fazer é esperar. Seja como for, certamente teremos carros muito mais inteligentes, e não podemos nos esquecer de que, não só os automóveis, mas também os motoristas, devem ser cada vez mais conscientes no trânsito, principalmente enquanto os carros ainda não dirigem sem o nosso auxílio. É agindo assim que, mais do que qualquer outra coisa, garantimos o nosso futuro. Que possamos sempre ter a consciência de que, cuidando de nós e dos que dirigem nas mesmas estradas que nós, veremos mais facilmente o amanhã.

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